ENTRE DOIS MUNDOS


A arte é uma instância da ação e do pensamento humano. Ela é uma vocação intrínsica da nossa espécie que cria métodos de interpretação, transformação e criação de mundo baseados na experimentação e no empreendorismo inventivo. Por isso, entendendo-a em seus aspectos mais amplos de impulso criativo e agente dialético, a arte é atemporal e age sobre as conquistas do saber humano, da ciência e da tecnologia, retratando, refletindo e transformando as verdades do mundo.


O mundo moderno, a partir da revolução industrial, baseava-se na democratização dos bens de consumo. Os anseios por uma sociedade mais justa, de caráter utópico e socialista, baseada no socialismo científico, justificam os movimentos de origem construtiva da mesma maneira que a revelação da psicanálise amplia o conhecimento humano e permitea valorização dos movimentos surrealistas. A arte reflete essa realidade do mundo; esses mundos que coabitam o mesmo tempo e estabelecem uma curiosa e instigante equação com o espaço no qual atuam e interferem.


No mundo contemporâneo, é inegável o impacto provocado pela cibernética. A sociedade pós industrial rege-se pela troca, pela comunicação imediata, pela rede que a todos conecta, criando assim uma estética e uma ética específica e peculiar. Robson Macedo trabalha nessa fresta, nessa estratégia de criação de pontes entre o real e o virtual, entre a cor pigmento e a cor luz. Ao mesmo tempo em que seus trabalhos incorporam uma determinada tradição do objeto cromático, baseando-se em pesquisas e propostas definidas por expoentes da ciência e da filosofia, como Newton e Goethe, o artista direciona a sua ação para o embate cromático e virtual das telas de um computador.


O artista constrói artefatos que atuam na margem entre 

o objeto pictórico e o objeto tridimensional, sendo construído